terça-feira, 21 de maio de 2013

A Responsabilidade Social Do Cristão



Foi um alvoroço só quando se espalhou o boato de que o programa do governo, “a menina dos olhos” do governo, o Bolsa Família, iria acabar. Milhares de pessoas, por todo Brasil lotaram as agencias da Caixa Econômica Federal para sacarem até o último centavo. A fome estaria de volta, a pobreza extrema novamente batendo na porta de milhares e milhares de brasileiros. O governo que acaba de celebrar o fim da pobreza extrema no Brasil teria que desfazer o discurso.
            O fato em si demonstra o quanto é frágil esta dita “extinção” da pobreza extrema, o quanto ela é enganosa e num aspecto danosa. Danosa por gerar em seus beneficiários acomodação social, afinal de contas, em última análise, o maior requisito para ser beneficiário desse programa é viver em extrema pobreza. Concordo que é necessário medidas urgentes, mas não podemos parar por aí, é preciso ter medidas a médio e longo prazo que possibilite o cidadão a se desmamar do governo. Sobre isso, não deixe de assistir o vídeo abaixo...
            Mas meu objetivo aqui também é mostrar o que as Escrituras têm a nos ensinar sobre isso? Como o cristão pode contribuir para a diminuição da miséria, da pobreza? Na perspectiva bíblica qual é o caminho correto de lutar contra a miséria e a pobreza? Segue alguns apontamentos[1]:

O Primeiro Dever Social é Prover Para Si Mesmo.
O modo apropriado de amar a si mesmo é prover as necessidades para a sua própria existência. Não será possível viver e amar aos outros a não ser que a pessoa ame sua própria vida e a sustente.
“Contudo vos exortamos irmãos... a diligenciardes por viver tranqüilamente, cuidar do que é vosso, e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar” I Tessalonicenses 4.11-12

e ainda em II Tessalonicenses 3.7-8 diz
“Nunca vos portamos desordenadamente entre vós, nem jamais comemos pão, de graça, à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós” e depois no versículo 10 “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”.

Assim, uma das coisas mais importantes que um homem pode fazer em prol dos outros é ganhar sua própria vida, pois, se cada homem se tornasse independente, haveria menos homens dependentes dos outros. Ou seja, o bem social fundamental que o homem pode fazer pelos outros é prover para si mesmo de modo que outros não precisem prover para eles e para si próprio. Neste sentido, o amor próprio é um bem social fundamental.

O Segundo Dever Social é Prover Para Sua Família
            No caso de haver em sua família, crianças, dependentes, deficientes físicos, viúvas, órfãos, idosos que não podem prover para si mesmos, é sua responsabilidade social prover para ela.
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente” I Tm 5.8 e ainda no verso 16 “Se alguma crente tem viúvas, socorra-as e não fique sobrecarregada a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas”.

            Assim, a responsabilidade social primária para com os necessitados não recai sobre a igreja, nem sobre o estado, mas sim sobre a família. Isto, porém, não exclui a possibilidade da assistência social que é sustentada pelos seus impostos, mas sim que o indivíduo capaz deve prover para seus parentes de alguma maneira, seja incluindo-os nos programas do estado, seja por conta própria.
            É importante reforçar que para Paulo, só poderiam ser arroladas no rol de assistência da igreja, pessoas realmente incapazes de prover para si mesmas, ver I Tm 5.9-10 e 14.
Não seja inscrita senão viúva que conte ao menos sessenta anos de idade, tenha sido esposa de um só marido, seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra. 14  Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não dêem ao adversário ocasião favorável de maledicência.

O Terceiro Dever Social é Prover Para Os Seus Irmãos Crentes
            Este certamente é o aspecto mais específico ao cristão, pois, além de si mesmo e da própria família, a outra responsabilidade social que os crentes devem se preocupar é Prover Para Seus Irmãos Crentes. Em gálatas 6.10 diz:
“Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”

e podemos ver o seu esforço em levantar uma oferta para os crentes pobres em Jerusalém (Rm 15.26).
            O apóstolo João também trata deste assunto quando diz
“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?”

I Jo 3.17. e nas palavras de Jesus
“Nisto conhecerão todos os que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” Jo 13.35.

            Isto não significa que o cristão não deve se preocupar com descrentes. A responsabilidade social dos cristãos começa com eles mesmos, depois com sua própria família, depois com a família da fé e depois com todos os homens.

 


[1] Ver Norman Geisler, Ética cristã.

sábado, 19 de janeiro de 2013

O Quarteto Milionário



Na sala fechada contavam seus méritos e se vangloriavam de seus feitos. Na poltrona maior estava o bispo pEdir Macedo, que hoje sofre de um tipo de atrofia nas mãos, dizem – os amigos mais chegados – que a atrofia foi causada pelo repetitivo hábito de contar ofertas; à direita do bispo, o Valdemônio Santiago expunha o chapéu dos milagres, com ele, gabava-se, recebeu como oferta da Igreja umas fazendas lá pelas bandas do Mato Grosso; à esquerda estava o Silas Mala-falsa rindo muito das histórias e milagres inventados e pagos. O RRR $oare$ (Rico Rolando de Rir, acrescentei um “r” só pra discontrair), mais comedido nas risadas e nas palavras, sempre que podia, mas sem sucesso, tentava convencer os outros a pela fé aderirem ao seu carnê de pagamentos, em suas palavras “para sustentar a cobra, perdoe-me a ‘obra’” vez por outra se confundia e o trocadilho causava muitas e muitas gargalhadas nos seus companheiros.
            O tempo passa, as apostas são altas motivo pelo qual um certo casal ainda não pôde participar. Regados a whisky e entretidos com o carteado, a nuvem de fumaça vinda dos seus charutos contrabandeados de Cuba agradava a todos, pois, facilitava a trapaça no jogo.
O jogo só foi interrompido quando Jezabel traz a última edição de uma revista com uma matéria que interessaria a todos. O ranking dos mais milionários líderes religiosos do Brasil: pEdir Macedo gracejava dos outros três que somados suas fortunas não chegava nem na metade dos seus 2 bilhões de reais. Toda inveja, cobiça, usura, ódio e avareza que habita esses homens foram escondidos por sorrisos amarelados. Até que alguém bate na porta, pEdir Macedo o anfitrião, pede desculpas aos seus convidados pelo inconveniente, mas é assunto importante, embora fácil de resolver.
Entra na sala o jovem Demas, em profunda crise que ele mesmo chamava de “crises ministeriais”. pEdir Macedo foi curto e grosso:
- “Demas você está demitido” falou ainda “afinal você é ou não é um dos nossos?”.
- respondeu Demas “eu sou, eu sou”
- então me diga “o que você estava fazendo na companhia de Paulo por cidades e cidades? Já não te disse que este Paulo é muito perigoso para os nossos negócios? Rosnou a garganta e se corrigiu, quer dizer ministério... uma má influência, diga-me com quem tu andas e eu direi quem tu és... quer ou não quer se tornar como um de nós?
- quero – respondeu Demas.
- então fique sabendo que nenhum de nós aqui tem parte com este homem. Você viu o que aconteceu com o jovem Timóteo (bate na madeira três vezes), de tanto andar com Paulo virou o que virou, apartou-se de nós. Anda pregando por aí a salvação pela fé em Cristo, que não precisa comprar nada, dar nada, que a salvação é pela graça, sem sacrifício algum da parte dos homens, que não precisa materializar a fé em ofertas abundantes para a igreja.
- me dê mais uma chance mestre – clamou Demas. Eu não quero mais andar com Paulo – continuou - ele ama a Deus acima de todas as coisas, pelo nome de Jesus foi perseguido, passou por privações, aflições, e acho que tem fortes tendências ao masoquismo, pois mesmo na fraqueza e na aflição ele diz que se alegra no Senhor, canta na prisão e etc. As vezes eu até cheguei a acreditar que Deus era mesmo com ele, que o que ele falava é verdade, que Jesus Cristo... não nos fale de Jesus... - interrompeu.
- tá vendo o que dá andar com Paulo, ouvir o que ele fala, você está quase contaminado, não serve pra mim – respondeu o bispo.
Dá mais uma chance pra ele pEdir Macedo, o garoto tem talento - disseram os outros. Então você vai me prometer uma coisa, “eu prometo, eu prometo” respondeu Demas. Então repita comigo “eu juro amar o mundo e as coisas do mundo; eu juro me entregar a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, eu renuncio todos os tesouros do céu em troca de tesouros na terra, eu juro entregar a minha vida a tudo o que é corruptível, carnal e mundano, em nome de mamóm.”
Enquanto isso, em outro lugar alguém escrevia “Timóteo procura vir ter comigo depressa. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou... se juntou a obreiros fraudulentos. Tu porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus. O que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para conseguir Cristo e ser achado nele.”