Assisti pela Mtv ao vivo o tributo à Legião
Urbana. Já havia visto cenas dos ensaios e fiquei bastante curioso. Wágner
Moura um fã declarado exerceu a função de “vocalista” não quis ser Renato Russo,
fez o melhor que pode, não atrapalhou foi bem, na minha modesta opinião.
No sofá de casa e sozinho um
misto de melancolia e saudosismo foi preenchendo o ambiente, eu ainda sabia quase
todas as músicas que marcaram época, amigos e colegas e diversas situações, de
riso e de choro vieram a memória facilmente, embora mais de riso que de choro,
e por isso ri sozinho.
Mas
não me imaginem em frente a televisão fazendo gestos de quem teria uma guitarra
nas mãos cantando “agora santo cristo era
bandido destemido e temido no distrito federal, não tinha nenhum medo de
polícia, capitão ou traficante, playboy ou general” podem acreditar, eu não
fiz isso.
O
que foi me chamando a atenção nas músicas é que elas retratam uma alma faminta,
inquieta, questionadora, inconformada e por muitas vezes depressiva. Talvez
seja esse o fator do sucesso da banda, ter “tocado” no fundo de muitas outras
almas famintas e sedentas. Foi me chamando atenção ainda perceber como grandes
temas da filosofia, antropologia, e da teologia apareciam e de certa forma se
entrelaçam entre essas matérias. Por exemplo, “quem me dera ao menos uma vez
entender como um só Deus ao mesmo tempo é três, e esse mesmo Deus foi morto por
você...”, a irônica celebração dos efeitos da depravação humana, os efeitos
destrutivos do egoísmo humano, a menção de anjos e diabo, de bem e mal, e o
pedido de socorro a “quem inventou o amor me explica por favor...”
compreendendo que o amor é sentimento comunicado, e etc.
A
alma de Renato até este tempo não havia encontrado saciedade, embora peregrina,
tateava no escuro, com inúmeras perguntas, poucas respostas corretas. Parafraseando
Agostinho “Tu nos fizeste para ti e a nossa alma só encontra descanso em ti”, Renato
não percebeu isso até então. Que havia um lugar para saciar a sede, uma pessoa
que disse: Eu sou a água da vida, quem beber da água que eu der nunca mais terá
sede, mas do seu interior fluirão rios de água viva, meu corpo é verdadeira
comida e o meu sangue verdadeira bebida.
No fundo nossa alma anseia por
um lugar, lugar de descanso e refrigério, nossa alma anseia por um porto seguro
que põe fim a viagem tempestuosa de um mar revolto, anseia por uma cidade onde
possa habitar, “Deve haver algum lugar” questionava Renato Russo numa de suas
músicas. Sim! É claro que sim, há um lugar preparado para todos aqueles que
beberam do sangue e comeram do pão vivo que veio dos céus. Sim! Claro que sim,
há uma cidade santa, decorada para seu encontro com o seu rei, uma cidade onde
Deus habita com o seu povo, onde a morte já não existe, onde toda lágrima foi
enxuta, não há luto, nem pranto, nem dor, as primeiras coisas passaram.
“Quando tudo está perdido
sempre existe uma luz, quando tudo está perdido sempre existe um caminho”
espero que ele tenha encontrado a luz, o caminho, a luz do mundo, o caminho
estreito, Jesus Cristo, e espero que o leitor também já tenha encontrado, o
lugar, a bebida, a comida que traz refrigério e descanso, sacia a sede e a
fome.
Identifiquei muito com o texto. Pois sempre gostei do Renato Russo mas não compreendia muito seus paradoxos tanto nas músicas como na vida pessoal do cantor. No início libertinagem e em outros momentos brados de liberdade. Além disso o próprio nome da banda se contradizia com meus pensamentos e princípios cristãos.Mas independente disso, as palvras tem esse poder, assim como Cristo levava-nos à mudança, Renato provavelmente tinha uma centelha levando-nos também, à reflexão. Agradeço as palavras do pastor pois me ajudou a esclarecer a sede que,não somente Renato, mas que todos nós temos a respeito da vida e que somente Cristo pode nos saciar.
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